Em um mundo cada vez mais globalizado, o bilinguismo surge como uma habilidade não apenas útil, mas essencial. A ciência reforça que ser bilíngue não é apenas uma vantagem comunicativa, mas um verdadeiro estímulo ao cérebro, moldando-o de maneiras que impactam profundamente as funções cognitivas e a vida das pessoas.
O neuropsicólogo Jubin Abutalebi, da Universidade de San Raffaele, na Itália, destaca que o cérebro bilíngue desenvolve mais massa cinzenta em áreas associadas à aquisição de vocabulário. Essa atividade constante no córtex pré-frontal dorsolateral estimula funções executivas, como concentração, resolução de problemas e alternância de tarefas. Mais do que isso, o bilinguismo tem implicações na maneira como as pessoas percebem o mundo. Panos Athanasopoulos, da Universidade de Lancaster, ressalta como o pensamento bilíngue pode alternar entre perspectivas culturais, trazendo um enriquecimento único às vivências pessoais.
A psicolinguista Ellen Bialystok vai além, mostrando que o bilinguismo pode retardar o avanço do Alzheimer em até cinco anos. Isso não só reflete os benefícios do bilinguismo para o cérebro, mas também reforça seu impacto positivo na saúde e no bem-estar a longo prazo.
Na educação, esses benefícios são igualmente significativos. Em contextos escolares, o bilinguismo se alinha com a alfabetização e o letramento de maneiras únicas. É importante diferenciar os dois processos: enquanto a alfabetização foca no aprendizado do código escrito, o letramento aborda os usos sociais e funcionais da linguagem. Nessa lógica, as escolas bilíngues têm o papel de promover ambas as dimensões, potencializando o aprendizado com intencionalidade pedagógica.
Pesquisas apontam que crianças bilíngues têm vantagens no desenvolvimento da consciência metalinguística e das funções executivas. Além disso, as habilidades adquiridas em uma língua podem ser transferidas para outra, facilitando o processo de alfabetização e promovendo ganhos culturais e sociais. Nesse sentido, iniciativas como o Currículo Be se destacam por integrar linguagens e culturas no cotidiano escolar, preparando os alunos para um mundo plural e dinâmico.
O bilinguismo não é apenas uma habilidade do futuro; é uma estratégia que transforma vidas hoje. Ao investir em uma educação bilíngue desde cedo, estamos oferecendo às crianças ferramentas poderosas para pensar, aprender e viver de forma mais completa em um mundo interconectado. Que nossas escolas e políticas educacionais possam abraçar essa oportunidade de transformar não apenas o ensino, mas a sociedade como um todo.
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